quinta-feira, março 11, 2004

O Panorama Televisivo

Nos dias de hoje torna-se premente uma reflexão muito seria acerca do papel negativo que as televisões têm sobre a sociedade, neste contexto devemos analisar com extremo cuidado a situação portuguesa, e responder a uma questão, que consiste em saber que televisão temos no nosso “pedaço de terra à beira mar plantado”. Diria que o espectro televisivo a que assisto todos os dias é deprimente, deplorável e de baixo nível, mesmo de muito baixo nível. Situações muito graves se passam na programação televisiva, desde a quase ausência de programação cultural de valor, tirando raras excepções no segundo canal do Estado, pouco mais há, em especial nas televisões privadas, que vivem numa permanente luta em busca dos shares, tendo por única análise as estatísticas, esquecendo que deveriam apesar de privadas, prestar também um serviço publico ao país. Por outro lado vivemos inundados de telenovelas, muitas delas de fraca qualidade, chegando-se ao cumulo a determinadas horas do dia não se ter alternativa às novelas, que classificaria de calmantes para o esquecimento dos verdadeiros problemas da sociedade. Mas agora chegou-se a um ponto de ruptura, visto que os noticiários, que iam ainda tendo alguma qualidade, também eles hoje em dia foram inundados por uma falta de qualidade exasperante, mais uma vez faço uma vénia ao noticiário do canal 2, os restantes tornaram-se desprezíveis, não cabendo na cabeça de ninguém, a não ser dos directores de programação a existência de noticiários de duas horas!!!, é o fim do admissível, e para mais quando se tratam longamente problemas de menor importância ou direi eu, de nenhuma importância, ou de atribuição de importância a questões que não deveriam ter a relevância que têm. Veja-se por exemplo o caso ainda relativamente recente do Presidente da Câmara de Marco de Canavezes, que num estádio de Futebol resolveu desatar aos insultos...e a algo mais...É totalmente inconcebível que se percam horas a discutir atitudes como a deste autarca, que nem sequer deveriam merecer qualquer tipo de importância. Esta é a prova que os noticiários estão dominados pelo lobbie do futebol, tal como toda a sociedade nacional, situação que fragiliza igualmente o Estado, que corre o risco de perder a sua preponderância no seio da sociedade, a questão apenas não é mais gravosa devido há inexistência de alternativas no presente. Este é um factores responsáveis pela crise do Estado, claro que existiram outros, mas este merece uma atenção especial. E mesmo a televisão estatal não escapa a toda esta situação, agravada em época de eleições, quando é utilizada politicamente pelos políticos no poder. Para este tipo de televisão mais valia não se ter aberto espaço para mais dois canais televisivos, qual o seu papel??? Onde está o seu papel cultural e social???, porque insistem em promover situações de menor valor, em vez de assinalar os graves problemas do país, porque não promovem um debate acerca da crise do Estado, do qual as televisões têm uma grande responsabilidade. Actualmente as televisões vivem reféns dos lobbies do futebol, tal como toda a sociedade Portuguesa. As preocupações passam por saber se existem estádios para o Euro, em vez de se saber por exemplo quais serão as consequências gravíssimas de mais uma revisão constitucional.